A Bela adormecida dos olhos que nunca fecham


O Livro negro da minha alma é um projecto já com alguns anos e por isso mesmo, hoje passando a ser um blogue devo-lhe esta homenagem. A sua primeira entrada será um texto que escrevi em 2008.. 


Ficou um silêncio pesado quando te levantas-te daquela cadeira e te foste embora...

Pela primeira vez parecia que tinha uma plateia em silêncio à espera de um final que nunca chegou, como se estivessem todos prontos para aplaudir o meu tão esperado fracasso… ou deveria dizer o nosso?

Sei que fiquei longos dias nesse silêncio, num escuro monótono de duas cadeiras vazias, porque já não estavas lá nem mesmo eu que fiquei à espera desse sentido de vida que me faria correr atrás de ti… as minhas mãos nunca se moveram, o meu corpo não despertou desse estado de coma incomodativo em que me deixas-te... apenas a escuridão e aquelas duas cadeiras eram a minha companhia, apenas elas me viram morrer, ou morrer parte desta minha vida não desejada, não escolhida por mim… fiquei assim num eterno desespero de saber de ti…

Tive a companhia de uma voz ou de um monte de vozes que gritavam no meu cérebro que dentro de mim empurravam as paredes do meu corpo para que se movesse, para que ganhasse vida… durante dias não fechei os olhos… era a bela adormecida de os olhos que nunca fechavam pois eles só te queriam encontrar naquele escuro de pensamentos onde desapareceste...

As pessoas morrem mais vezes do que as que pensam... e essas mortes são estes pequenos estado de nada que vivemos… como se a vida nos desse uma anestesia e ali ficássemos à espera que esse efeito passasse...

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